Memorial
Este projeto reconhece a fundamental importância do Museu Nacional para a sociedade brasileira e internacional, pela excelência de seu acervo, das pesquisas realizadas e da sua relação com a sociedade. É um espaço cultural da maior relevância no campo acadêmico e, ao mesmo tempo, de grande interesse para frequentadores assíduos da Quinta da Boa Vista, estudantes e visitantes de outras regiões do Rio de Janeiro, assim como para turistas e pesquisadores de todas as partes do mundo.
Diante da devastação causada pelo incêndio de 2018, torna-se imperativo reunir esforços para a reativação integral do Museu.
O projeto considera o trágico incêndio como parte da história do edifício. Propõe uma nova situação que trabalha com as camadas tornadas visíveis após o evento – as diversas etapas de construção, as alterações posteriores e a sua condição atual –, sem buscar voltar a um estado anterior. A memória do incêndio deve ser mantida a partir de uma abordagem crítico-conservativa, que permite a manutenção das marcas da história em consonância com a recuperação da imagem consolidada do Paço de São Cristóvão. O momento presente oferece uma oportunidade de preservar a maior quantidade possível de matéria remanescente, a partir de uma intervenção contemporânea.
Externamente, conforme estabelecido no edital, a restauração das fachadas e da volumetria pretende recuperar a condição monumental do Paço de São Cristóvão na Quinta da Boa Vista. Fica, assim, contemplada a memória e identidade da sociedade com o Museu Nacional. No interior do edifício, a destruição de grandes proporções permite propor uma intervenção contemporânea, em diálogo com a estrutura existente.
O projeto reforça a relação do Paço de São Cristóvão com a Quinta da Boa Vista. Para isso, reconhece a importância do acesso do Museu pelo eixo monumental, a partir do Jardim da Quinta da Boa Vista. Esse percurso tem na área de acolhimento, como primeiro atrativo, o meteorito Bendegó, peça do acervo que representa a resistência do Museu Nacional. O eixo leva ao saguão da escadaria, que será coberto. Agora protegido da chuva e sombreado, distribui os fluxos no edifício e recebe os visitantes com mais conforto.
No interior do Paço, um anel de circulação circunda o Pátio do Chafariz e permite a visitação das exposições por percursos que articulam os quatro blocos do edifício. Construído como residência, o Paço de São Cristóvão tinha os ambientes interligados diretamente uns aos outros, sem distinção entre espaços de circulação e de permanência, que passaram a ser utilizados como espaços expositivos, sem grandes adaptações. Com a possibilidade atual de uma intervenção de grande porte, é possível implantar um sistema de circulação mais estruturado e condizente com o grande volume de público previsto. O novo circuito organiza o acesso aos núcleos curatoriais expositivos, ampliando a percepção e o uso dos espaços e da arquitetura e garante acessibilidade universal e segurança. Reforça, ainda, o protagonismo do Pátio do Chafariz como articulador principal dos circuitos.
Ficha técnica
Local
Rio de Janeiro
Data do Concurso
2020
Arquitetura
Ana Paula Pontes, Anna Helena Villela, Silvio Oksman, Mayra Rodrigues, Regis Sugaya, Caio Aquinaga, Geórgia Lemes, Isabela Andrade, Thiffani Siani 
Consultores
Beatriz Kuhl, Claudia Carvalho, Marcus Vinicius Barreto, Patricia Martins, Eizo Kosai, Debora Arjona

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