Memorial
A Pinacoteca do Estado de São Paulo organizou, em 2010, um concurso fechado de arquitetura para a implantação de um conjunto de reservas técnicas e espaço expositivo nos galpões industriais anexos ao Liceu de Artes e Ofícios. Localizado no bairro central da Luz, com fácil acesso por meio de transporte público, inclusive metrô, o complexo de edifícios estava há um bom tempo desativado. Seus amplos galpões são testemunho não apenas da história da escola, mas também do processo de crescimento e transformação da cidade, que num momento ergue estruturas voltadas a um potente desenvolvimento industrial e em seguida as abandona, deixando, com suas lacunas, zonas mortas que contribuem para a deteriorização de regiões antes vitais da metrópole.
A ocupação desses galpões por exposições temporárias de arte (a mostra Paralela, em 2008 e 2010) ajudou a dar visibilidade à região e a essas estruturas. Suas características espaciais – grandes volumes livres de barreiras e banhados por luz zenital – mostraram-se muito receptivas à arte contemporânea, marcada pela diversidade de suportes, dentre os quais trabalhos que incorporam o ambiente em que estão inseridas.
Este projeto teve como objetivo, além da criação de espaços de excelência para a conservação de obras de arte, explorar ao máximo o potencial espacial expositivo dos galpões desativados, criando zonas de intercâmbio entre esses dois usos, num movimento de mútua valorização.
Os edifícios dos quais dispunha então a Pinacoteca – a sede na Praça da Luz e sua extensão, a Estação Pinacoteca – contam com salas expositivas tradicionais e de média escala. São filiadas à tradição do white cube – cubo branco – , caracterizadas por uma idéia de mínima interferência sobre as obras de arte: neutralidade geométrica, isolamento com relação ao exterior e iluminação artificial e controlada. Não por acaso, um dos espaços mais utilizados para instalações de arte contemporânea, o chamado “octógono”, tem características radicalmente opostas: geometria especial, materialidade expressiva, luz natural e abertura em diversas direções.
O projeto buscou, portanto, potencializar as virtudes dos galpões existentes, destinando o máximo possível de suas áreas à mostras de trabalhos de arte. Com toda a área do Galpão 2 e boa parte do Galpão 1 assim ocupadas, a Pinacoteca ganharia não apenas um aumento em suas áreas expositivas, mas uma alternativa diversa dos espaços que possuía na ocasião: amplos “salões” cujas dimensões e características despojadas, herdadas de antigas ocupações, permitiriam novas possibilidades de expressão para a produção contemporânea. A criação de uma área significativamente maior de zonas expositivas na Pinacoteca Liceu permitiria também deixar à mostra uma quantidade maior de obras, valorizando os acervos ali abrigados.
Como em suas origens, há mais de um século atrás, a associação da Pinacoteca ao Liceu voltaria a reunir num único edifício instituições fundamentais na história da consolidação de São Paulo como uma metrópole de grande potência produtiva e cultural. O plano de se instalar nesse lugar apontava para a intenção da Pinacoteca em se estabelecer como uma referência em guarda de acervo e exposição de arte contemporânea, o que viria a se realizar de outra forma anos mais tarde, com a inauguração da Pinacoteca Contemporânea no complexo escolar do Parque da Luz.
Ficha Técnica
Local
Pinacoteca do Estado no
Liceu de Artes e Ofícios
Data
2010
Projeto Arquitetônico
Silvio Oksman e Ana Paula Pontes
Claire Dycha, Mayra Rodrigues e Vito Macchione
(colaboradores)

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